Monday, February 05, 2007

Um à parte

Bem, utilizo este, como não sabia porque outro canal expressar a minha opinião sobre o assunto mais debatido em Portugal, não, não estou a falar do militar da GNR e da criança, estou a falar do referendo do aborto.
Depois de ler e ouvir coisas, algumas delas opiniões e acções que me parecem elucidativas e coerentes e outras que considero serem um disparate pegado, através do jornal O Público, o Telejornal, A Grande Entrevista e noutros sítios que mais, tenho estado a desenvolver uma opinião nos últimos dias.
Primeiro, posso dizer que moralmente sou contra a opção aborto, mas a favor da sua legalização, porque acho que um casal, tem de ter a opção de fazer um aborto sem pagar balúrdios e num local com condições, não num matadouro qualquer, onde só estão interessados nos Euros que vão receber depois. E frisei casal, porque o facto de se discutir só a mulher como interveniente neste processo me parece ser minimalista, olha bolas, a mulher não concebeu sozinha o embrião. Poder podia, mas não estou a ver nenhuma mulher a realizar uma inseminação artificial só pelo “prazer” de ir abortar a seguir.
Não conhecendo as estatísticas, fomentando esta minha opinião só pelo conhecimento de casos, adquirido ao longo da vida. Acho que a maioria das vezes o aborto é praticado por jovens cujas primeiras experiências sexuais resultaram numa gravidez indesejada ou por casais cujas condições económicas não lhes permite prosseguir para a opção ter mais um filho. Eu penso que em ambos os casos, em que a gravidez não advém de uma situação traumática, devem ser bem explicado as possíveis repercussões que a opção aborto pode ter, maioritariamente no foro psicológico, porque isto de ficar o resto da vida a pensar como seria o meu filho, não deve ser uma situação nada agradável. Por isso, para mim, deve ser feito ver às pessoas que é necessário ponderar bem todos os facto, antes de recorrer à IGV. Eu espero que a legalização do aborto traga às pessoas esse apoio psicológico, necessário para o bem-estar de quem o faz.
Um aspecto que me deixa preocupado, e me parece bastante possível infelizmente, é a utilização da IGV como um tipo de método contraceptivo, mais ou menos como aconteceu com a pílula do 2º dia, que também dá panos para mangas. Eu acho que, se alguém a utiliza recorrentemente, desculpem meus amigos a agressividade, laqueação sem consentimento, primeiro por andar a gastar dinheiro indevido ao Estado, e depois porque já existem coisas chamadas contraceptivos para evitar a formação de uma protuberância na barriga da mulher. Agora mais a sério, acho que o processo deve ser todo muito bem controlado, como referi, mas deve-se dar um tratamento especial a quem o tente usar uma e outra vez.
Este debate, de que, mesmo que o aborto não seja legal deve ser despenalizado, parece-me um pouco ilógico. O que é que se passa a fazer? Aplica-se uma multa à mulher que o fez, e outra à clínica. Deixemo-nos de hipocrisias, não vamos deixar pessoas enriquecer à custa de outras com um problema tão grave em mãos.
Voltando a questão do meu moral, eu direi que muito dificilmente
seria capaz de tomar a via do aborto, como já disse considero que meter essa opção só no lado do campo feminino não me parece bem, por muito que a vida me fosse virada do avesso. Experiência própria, uma pessoa a mais na família, renova e fortalece todos os laços. Embora não condene quem o faça, é só de si difícil alguém viver com a situação, quanto mais ter pessoas a julgá-las por isso.
Sinceramente, não me apetece entrar pela discussão, será que há vida humana antes das 10 semanas ou não. Eu diria que vida há de certeza, humana, depende do conceito de cada um sobre o que define um humano.

Bem meus amigos, com isto me despeço, e espero ouvir algumas das vossas opiniões!

3 comments:

LPE said...

andas muito pensativo...
De certa forma lembras-me o Marcelo, nao porque obrigatoriamente partilhes das mesmas opinioes, mas porque esta a questionar a questao que vai a referendo...
com isto quero dizer que o problema nao e a penalizacao ou nao, e uma questao de fundo, social, de educacao e acompanhamento por parte de profissionais do casal (como muito bem referiste).
Nao acredito que com a despenalizacao o aborto se torne um metodo contraceptivo. Se assim fosse, so reflecte problemas mais serios de valores familiares em falta na sociedade portuguesa.
A questao principal e que o estado deveria assegurar se o aborto que se fara se trata realmente de uma I. VOLUNTARIA da G.. Mais, deveria garantir apoio a jovens pais, para que talvez o aborto nao seja uma opcao tao recorrente. A propria sociedade, deveria apoiar em vez de descriminar jovens maes solteiras...
Porque isso de criticar porque se fez um aborto, mas tambem porque se tem um filho quando ainda se e muito jovem, e o tipico beatismo desprezivel e repugnante dos tipicos falsos moralista, e disso o mundo esta cheio (nao so portugal...)

Unknown said...

Depois de ler o teu post, penso que a minha opinião não difere muito da tua.

A favor do aborto ninguém é! Era bom era viver num Mundo onde isso não fosse necessário, mas acho completamente estúpido proibir que alguém possa escolher essa via.

Também não quero acreditar que se torne num novo método contraceptivo porque isso deve deixar muitas marcas em quem passa por essa situação, mas se em algumas não deixar marcas então é porque são pessoas que não têm nada para dar e para quem o melhor é mesmo não ter filhos!

Claro que também acho que deveria existir como noutros países um período de reflecção em que fosse dada alguma informação e aconselhamento, mas por vezes pode ser mesmo a única via a seguir!

Mas quem defende o "Não" por ser pela vida (então eu que defendo o "Sim" sou pela morte?) devia explicar como é que abandonar um recém-nascido num contentor do lixo é mais digno para a vida humana que acabar com algo antes ainda de ter consciência (aquilo a que muitos chamam "alma") da sua própria existência!

E gostava também que explicassem melhor o argumento hipócrita de não quererem mudar a lei, mas quererem que as mulheres deixem de ser penalizadas!!! Então isto significa que o aborto pode ser feito sem ser crime, mas só o fizerem nos "matadouros" de que falaste???

Isto tudo para dizer que vou votar "Sim" e que espero que desta vez não fiquem 70% dos eleitores com o cú sentado na porcaria dos sofás!

Pronto... não digo mais anda que não deves ter paciência para isto tudo! :)

Nuno said...

Grande Duarte! Parece-me que és o gajo ideial para falar acerca disto, e com muita razão acerca de uma gravidez poder reatar os laços familiares (Ganda João!!!).

Agora, filosofias à parte... parece-me que o faz falta em Portugal é jornalismo de qualidade e que saibam explicar melhor o que se quer: a questão em causa é se o aborto (feito por escolha própria da mulher e antes das 10 semanas de gestação) deva ser DESPENALIZADO!!!!!!!!!! Pessoal, D-E-S-P-E-N-A-L-I-Z-A-D-O. Ou seja, até agora, se uma mulher é apanhada numa situação em que aborte pode ser sujeita a um processo bem grave, ela e a clínica (ou matadouro) onde o realizou. Despenalizar significa que passa a podê-lo fazer em melhores condições (e também de custo monetário) sem medo de ir "para dentro" (ou pagar ainda mais do que pagou pelo aborto). Ninguém anda a pedir para pôr a cruzinha no "Sim" se concordar com o "aborto", mas sim se acha que quem já se desgraçou a um ponto de abortar não tem que sofrer ainda mais. E há que ter em conta que quem o fizer depois das 10 semanas ainda continuará sujeita à antiga lei (esperemos que se possa chamar "antiga" a 12 de Fev).